Problemas auditivos

24 de fevereiro de 2012

Muita gente já ouviu falar do “ouvido biônico”, cujo nome técnico é implante coclear. Essa é uma opção de tratamento para quem não escuta, que envolve a inserção de eletrodos na parte interna da orelha – em contato direto com o nervo auditivo. O aparelho capta o som através de um microfone externo, o processa e transforma em impulsos elétricos. Através dos eletrodos implantados, esses impulsos são repassados ao nervo, proporcionando a sensação sonora ao cérebro.

Esse método também tem limitações: o estímulo gerado pelo aparelho é capaz de criar uma percepção sonora na pessoa implantada, mas não reproduz exatamente o que entendemos como audição normal. A qualidade do som gerado pelo implante depende de muitos fatores, dentre eles quanto tempo o paciente ficou sem escutar e a idade que tinha no momento do implante.

Em muitos casos é possível restaurar a audição a ponto de permitir a compreensão da fala, mesmo sem auxílio de leitura labial, como em uma conversa ao telefone. Mas ainda haverá dificuldades. Diferenciar as vozes de diferentes pessoas ou perceber adequadamente melodias podem ser desafios. Em outros, em especial nos casos em que a surdez já dura muitos anos e o nervo auditivo já sofreu atrofia, o implante coclear permitirá a percepção de sons, mas não haverá a perfeita compreensão da fala.

De uma forma ou de outra, não basta apenas inserir os eletrodos. Todo paciente implantado precisa de um treinamento de vários anos para aprender a ouvir com o implante, o que exige tanto dele quanto da família uma grande dose de engajamento no tratamento.  Mas quem é candidato ao implante coclear?

De uma maneira geral, toda pessoa que tem uma perda auditiva profunda em ambos os ouvidos e que não se beneficia de aparelhos auditivos convencionais pode tentar o implante. Pessoas com surdez de apenas um ouvido não são candidatas, pois o som gerado pelo aparelho seria tão diferente e incompatível com o som captado pela orelha sadia que anularia os benefícios do implante.

A situação torna-se um pouco mais complexa no caso das crianças com surdez desde o nascimento. Se por um lado já está mais do que estabelecido que quanto mais cedo for feito o implante, melhor o resultado auditivo, a socialização e a curva de aprendizado da criança, por outro é preciso que haja a certeza de que a criança realmente não escuta antes de submetê-la ao procedimento. A criança passa então por uma bateria de testes, normalmente aplicada mais de uma vez, até que entre os 18 e 24 meses de vida será feito o implante, se a surdez for confirmada. Os resultados em crianças implantadas nessa idade são realmente surpreendentes.

O mesmo sucesso é observado em pacientes que escutavam normalmente e que, por um motivo ou por outro, ficaram surdos. Se implantados meses ou poucos anos após o início da surdez, a reabilitação auditiva costuma ser extraordinária.

As pessoas com surdez desde o nascimento que já atingiram a adolescência ou a fase adulta ainda assim podem submeter-se a um implante coclear, mas os resultados nestes casos são limitados. Outras indicações são os casos de zumbido incapacitante no ouvido e de pacientes com perda auditiva não tão profunda, mas com resultados limitados com aparelhos auditivos.

A falta de uma triagem auditiva neonatal eficaz – até os seis meses – eleva a idade média de detecção da surdez para os cinco anos. O ideal é o acompanhamento dos casos suspeitos desde os três meses de vida e confirmação até os dois anos.

A tecnologia do implante coclear está em constante evolução e os aparelhos atuais têm uma quantidade maior de eletrodos, um processamento do som mais rápido e eficaz e uma durabilidade maior.

Infelizmente, ainda existe muita dúvida sobre o implante coclear no Brasil. Mas ele veio para ficar, e, apesar de suas limitações, pode representar uma diferença imensa na vida daqueles que, do contrário, estariam fadados a viver no silêncio.

Fonte: Minha Vida

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