Tireoide: 25 descobertas sobre o diagnóstico e o tratamento de disfunções na glândula

11 de setembro de 2014
tireoide

Terapias fáceis de adotar, exames de última geração, novas conexões entre a glândula e problemas pelo corpo… Eis as novidades que prometem mexer com o controle dos distúrbios tireoidianos.

1. Dá pra tomar o remédio junto com a comida
Um dos empecilhos relatados por quem tem hipotireoidismo é a exigência de tomar o medicamento que repõe os hormônios da tireoide (o T3 e o T4) logo ao acordar, em jejum, cerca de 30 minutos antes do café da manhã. “A droga precisa de um pH mais ácido no estômago para ser absorvida. Se comemos, a redução da acidez diminui seu aproveitamento”, explica a endocrinologista Camila Luhm Perez, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Só que essa orientação nem sempre é seguida à risca: 30% dos indivíduos usam os comprimidos de maneira incorreta e, daí, chegam até a abandonar o tratamento.

Pensando em driblar tal dificuldade, Camila conduziu um estudo em que 45 voluntários ingeriram o remédio junto com a primeira refeição do dia. E o resultado, quem diria, foi satisfatório. “Houve um discreto prejuízo, mas nada que afetasse a saúde deles”, relata. Diante do achado, a ideia é que se possa indicar o esquema alternativo a quem tem impedimentos em levantar mais cedo ou esperar um tempo para o desjejum.

2. Dose única por semana
Em vez de um comprimido diário do hormônio, cientistas da UFPR estudam a criação de um fármaco cujo efeito duraria sete dias – um sonho de praticidade. Os primeiros testes, com indivíduos saudáveis, foram bastante animadores.

3. Cápsula em gel
Essa versão do hormônio evita a necessidade de jejum e seria absorvida mais facilmente. “Ela já está à venda na Europa, mas ainda não decolou nas prescrições”, diz Geraldo Medeiros, professor de endocrinologia da Universidade de São Paulo (USP).

4. Tomar o remédio antes de dormir seria melhor
Essa é outra saída cada vez mais receitada. “Aconselhamos o uso do hormônio à noite a quem toma outros remédios de manhã”, conta o professor Medeiros. Mas há um detalhe: o sujeito precisa aguardar duas horas entre o jantar e a cama.

5. Nova droga com T3 e T4 juntos
A levotiroxina, remédio contra o hipotireoidismo, concentra só o hormônio T4. É que o corpo fabrica, a partir dele, sua versão ativa, o T3. Mas algumas pessoas se sentem mal com a droga. Para elas, os médicos já discutem uma nova fórmula, que alia T3 e T4 prontinhos.

6. Hipotireoidismo afeta o coração
Uma pesquisa do Instituto de Tecnologia de Nova York, nos Estados Unidos, mostra que uma dose baixa dos hormônios tireoidianos ameaça o bem-estar cardíaco. “Os desfalques levam a contrações mais fracas e até lesões”, conta Martin Gerdes, autor do trabalho. Restaurar os níveis de T3 e T4 evitaria o chabu.

7. Falta de hormônios tireoidianos pode ser a causa do colesterol alto
“Um em cada dez casos de colesterol alto tem o hipotireoidismo como pano de fundo”, estima Elizabeth Pearce, endocrinologista da Universidade de Boston (EUA). Ela descobriu que metade das pessoas com níveis altos da gordura não checa a tireoide. “E tratar a disfunção ali pode baixar o colesterol.”

8. Hipotireoidismo leva à obesidade?
Outra investigação da Universidade de Boston revela que, ao contrário do que se pensava, o tratamento do hipotireoidismo não faz o excesso de peso diminuir necessariamente. “Por isso é preciso abordar os dois problemas de forma simultânea”, avalia o endocrinologista Cleo Otaviano Mesa Junior, do Hospital de Clínicas da UFPR.

9. A importância do selênio
A falta do mineral, segundo uma pesquisa do endocrinologista Cley Rocha de Farias, do Hospital das Clínicas de São Paulo, propicia o hipotireoidismo. “Para atingir a quantia ideal de selênio, basta comer uma ou duas castanhas-do-Pará por dia”, indica. A substância ativaria enzimas que protegem e estimulam a tireoide.

10. Tireoide lenta e o diabetes
A Universidade Goethe, na Alemanha, fez um levantamento com dados de 1 900 diabéticos do tipo 2 e detectou que 27% deles tinham uma tireoide em marcha lenta. De acordo com os estudiosos, controlar as duas condições exige uma abordagem terapêutica cuidadosa – e uma não exclui a outra.

11. Perigo no trânsito
Sujeitos com hipo descontrolado são tão perigosos ao volante quanto bêbados, diz estudo da Universidade do Kentucky (EUA). “E não devem dirigir enquanto não forem tratados”, afirma Kenneth Ain, médico que assina a pesquisa.

12. Frio inexplicável? Pode ser problema na tireoide
No Instituto Karolinska, na Suécia, cientistas provaram que o T3 e o T4 controlam a dissipação do calor pelo corpo. “Muita sensibilidade à temperatura pode ser sinal de problema na tireoide”, avisa Jens Mittag, responsável pelo trabalho.

13. Hipotireoidismo mais comum em brancos
O Instituto Berghofer de Pesquisa, na Austrália, tabulou dados dos militares americanos por 14 anos e descobriu que o hipotireoidismo é mais habitual em caucasianos (brancos) e o hipertireoidismo atinge mais negros e asiáticos.

14. Mais tempo para se curar de doenças
Pessoas com uma superprodução dos hormônios tireoidianos demoram mais para sarar de doenças em comparação com quem é saudável, conclui investigação da Universidade de Copenhague, na Dinamarca. “A disfunção abala a saúde física e reduz a disposição”, justifica a médica Mette Andersen.

15. Hipertireoidismo estaria ligado a problemas urinários
Na Universidade Médica de Taipei, em Taiwan, foi observado que dores e inflamações na bexiga acontecem com maior frequência em mulheres com a tireoide alterada. Em seu artigo, os especialistas alertam para que os médicos fiquem atentos a complicações urinárias nas pacientes com hipertireoidismo.

16. Dorzinha no ombro
Mais uma conexão curiosa descoberta na Universidade Médica de Taipei: informações sobre 1 milhão de asiáticos apontam uma íntima relação entre hipertireoidismo e capsulite adesiva, inflamação na articulação do ombro que causa dor e limita os movimentos. O motivo permanece um mistério.

17. Hipertireoidismo e depressão
Experts do Centro Médico Erasmus, na Holanda, identificaram um elo entre hipertireoidismo e depressão após acompanharem 1 500 pessoas por oito anos. “Até alterações leves nos hormônios tireoidianos interferem nos neurônios e na liberação de serotonina, substância que traz a sensação de bem-estar”, afirma Marco Medici, o líder do levantamento.

18. Cabeça desajustada
“Você olha para o paciente com hipertireoidismo e percebe a agitação, a fala rápida e a irritabilidade”, observa a endocrinologista Tania Furlanetto, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E um estudo do Hospital Universitário de Odense, na Dinamarca, comprova que o distúrbio aumenta a prescrição de antidepressivos e ansiolíticos, além de hospitalizações por causa de desordens psiquiátricas.

19. Obesidade causa tumores na tireoide?
Os médicos já sabiam que quilos extras favorecem o câncer em esôfago, rins, mamas, próstata… Agora, eles começam a desvendar a relação do excesso de peso com a replicação anormal de células da tireoide. Um estudo da Universidade de Ulsan, na Coreia do Sul, recolheu dados de 15 mil sujeitos que foram realizar checkups de rotina. Em meio aos exames, os participantes faziam um ultrassom do pescoço. Terminada a experiência, os cientistas viram que o câncer tireoidiano estava diretamente ligado a um índice de massa corporal (IMC) além do recomendado entre as mulheres. Esse foi o único fator que pareceu ser decisivo. Idade e níveis altos de insulina ou TSH – o hormônio que o cérebro libera para incentivar a produção de T3 e T4 – não mostraram papel na gênese da doença.

Os achados na população coreana são vistos, contudo, com precaução. “Ainda é cedo para sentenciar que a obesidade causa mesmo o câncer de tireoide”, opina o cirurgião oncológico Luiz Paulo Kowalski, diretor do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do A.C. Camargo Cancer Center, na capital paulista. Enquanto não há um veredicto, controlar o peso continua sendo um objetivo importante para fugir de outras encrencas – na tireoide ou no resto do corpo.

20. Câncer de tireoide mais frequente
A detecção de nódulos na tireoide, incluindo os malignos, aumentou em todo o mundo. As estatísticas dão conta de que os casos sobem 6% ao ano – e a incidência do tumor dobrou em comparação com os anos 1970. Tal expansão é justificada por ultrassonografias mais sofisticadas, capazes de detectar caroços com milímetros de diâmetro. A mortalidade, ainda bem, permanece baixa.

Fonte: MdeMulher.abril.com.br/

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