Implante coclear com solução de DNA resgata capacidade auditiva em ratos

24 de abril de 2014
ouvido

Um solo de guitarra e o toque sutil de um piano — partes rebuscadas da composição musical — são exemplos de detalhes perdidos por pessoas que têm problemas de audição. A captação de sons mais sutis ainda é uma lacuna a ser preenchida pelos populares aparelhos auditivos cocleares, utilizados para o tratamento da surdez. Mas uma nova terapia gênica aliada a essa tecnologia conseguiu recuperar quase toda a audição de ratos surdos ao estimular a regeneração de nervos auditivos nos animais. O recurso, criado por cientistas australianos, poderá ser usado em humanos.

A terapia gênica é uma das grandes esperanças para tratamentos de recuperação da audição humana. Uma das dificuldades em utilizar a técnica, porém, é encontrar uma maneira de estimular os nervos auditivos na cóclea, parte auditiva do ouvido interno. Para ultrapassar esse obstáculo, um grupo de cientistas australianos utilizou os famosos implantes cocleares como ferramenta de trabalho. “O conceito de terapia gênica tem sido mostrado como promissor no combate à perda de células na cóclea. Nosso avanço está no sucesso do uso do próprio implante coclear como um dispositivo para estimular a terapia genética de forma mais eficiente para a cóclea”, explica Mathias Klugmann, pesquisador do Departamento de Fisiologia da Universidade de New South Wales e um dos autores do trabalho publicado na edição de hoje da revista americana Science Translational Medicine.

Para testar a técnica, os cientistas criaram um aparelho coclear que contém uma pequena sonda com uma solução de DNA composta pelo fator neurotrófico (BDNF) — proteína usada para a regeneração de células humanas. Por meio de correntes elétricas emitidas pelo aparelho, implantado em ratos modificados para ficarem surdos, foi possível estimular os nervos auditivos dos animais. A união da solução e dos impulsos elétricos possibilitou a regeneração do sentido. “A transferência do fator de crescimento do nervo estimula o crescimento de fibras nervosas a partir das células que residem na cóclea. Isso aumenta muito a eficácia do ouvido biônico” explica Klugmann.

Poucas horas após a terapia, as cobaias recuperaram quase totalmente a audição. O pesquisador explica que o aparelho era a peça que faltava para que o estímulo fosse realizado com eficácia. “Em comparação com outras plataformas de entrega de genes, a nova abordagem tem a grande vantagem de proporcionar a entrega segura da solução de BDNF localizada na cóclea”, detalha o cientista.
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Fonte: Correio Braziliense

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