É verdade que o botão ‘soneca’ do despertador ajuda a se sentir melhor?

3 de janeiro de 2020
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Dormir ou dormitar? Certamente você sabe a resposta, mas não é do seu agrado. É provável que a maioria de nós em algum momento da nossa vida utilizemos a função “repetição do alarme” do despertador. Só um pouquinho mais debaixo do cobertor, um momento para pôr os nossos pensamentos em ordem, não é mesmo? Embora essa enrolação possa parecer inofensiva, cabe a possibilidade de que não seja. Em primeiro lugar, é importante saber por que utilizamos o botão. Em alguns casos, trata-se de um costume que começou muito cedo, mas com frequência pode ser sintoma de um problema importante com o sono. Já ficou demonstrado que dormir mal tem relação com numerosos transtornos da saúde, entre eles a hipertensão, os problemas de memória e até o controle de peso.

Sou especialista em dor facial e estudei a fundo o sono e como ele influi nas afecções acompanhadas de dor. Fazendo exames, descobrimos que muitos de nossos pacientes afligidos por dor crônica sofrem também diversos transtornos do sono.

Como é um sono normal?
Se estivermos cansados quando o alarme toca, servirá de alguma coisa utilizar o botão da soneca? Embora não haja estudos científicos que abordem esta questão de maneira específica, a resposta provavelmente é não. Nosso relógio biológico natural regula as funções mediante os ritmos circadianos, como são chamadas as mudanças físicas, mentais e comportamentais que acompanham um ciclo diário.

A maioria dos adultos necessita de aproximadamente 7,5 ou 8 horas de bom sono por noite. Isto nos permite dedicar o tempo adequado aos estágios do sono, conhecidos como sem movimentos oculares rápidos (NREM, pela sigla em inglês) e com movimentos oculares rápidos (REM).

Costumamos passar de maneira cíclica dos três estágios NREM para o sono REM entre quatro e seis vezes por noite. Durante a primeira parte dela, prepondera o sono profundo NREM, enquanto que a última consiste sobretudo em sono REM.

Dormir bem é importante
Manter esta estrutura bem definida é fundamental para um bom sono reparador. Se o processo se alterar, normalmente despertamos cansados pela manhã.

Diversos fatores podem influir nos ciclos de sono. Por exemplo, se uma pessoa não respira bem enquanto dorme (ronca ou tem apneia do sono), isso afetará às sequências normais e fará que desperte com a sensação de não ter descansado. O uso de aparelhos eletrônicos ou o consumo de tabaco ou álcool antes de dormir podem diminuir a qualidade do sono. Até mesmo jantar logo antes de ir para a cama é uma possível fonte de problemas.

O uso do botão de repetição do alarme costuma começar na adolescência, quando os ritmos circadianos estão um pouco alterados, razão pela qual temos vontade de passar a noite em claro e acordar tarde no dia seguinte. Adiar em nove minutos o momento de sair da cama simplesmente não irá nos proporcionar mais sono reparador. De fato, segundo algumas hipóteses, poderia causar confusão no cérebro, que passaria a secretar mais quantidades das substâncias neuroquímicas indutoras do sono.

Em suma, parece que vale mais a pena pôr o alarme para uma hora determinada e se levantar assim que ele tocar. Se o cansaço matutino for habitual, consulte com um especialista do sono para averiguar a causa.
Fonte: ElPais/Steve Bender é professor clínico auxiliar de Cirurgia Oral e Maxilo-Facial da Universidade A&M do Texas.

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