Doenças respiratórias em crianças aumentam em até 20% as faltas em colégios

3 de setembro de 2010

Diariamente, o professor José Robson de Almeida, diretor da unidade de São Gonçalo do Colégio Santa Mônica, na região metropolitana do Rio, tem por hábito visitar as salas de aula e conversar com os alunos, numa forma de aproximação. Nesta época do ano, no entanto, ele tem uma preocupação extra quando passa pelas salas: verificar se elas estão bem arejadas e ressaltar para os estudantes a importância dos cuidados para se evitar a transmissão de vírus, como o da gripe ou os que causam infecções respiratórias, tão comuns no inverno. Nas classes do infantil, de crianças com até seis anos, a preocupação de José Robson é alertar os pais sobre como agir caso percebam que os filhos estão com doenças infectocontagiosas:

“Na educação infantil é fundamental esse contato com a família. Sempre nas reuniões com os pais, procuramos fazer uma orientação básica. Eles precisam observar e conhecer os hábitos da criança. Se ela é muito ativa e começa a ficar apática ou não está brincando, é preciso ligar o sinal de alerta”, ressalta Almeida, que usa os seus conhecimentos de ex-pesquisador da Fiocruz para tentar diminuir os casos de proliferação de vírus no colégio.

Durante esse período, o número de faltas na escola aumenta cerca de 20%, segundo o diretor. A principal causa das ausências dos alunos são as doenças respiratórias, como bronquites, bronquiolite, laringite, entre outras “ites”. Segundo o professor José Luiz Bandeira, pediatra do Hospital Universitário Pedro Ernesto/Uerj, essas doenças acometem as vias respiratórias superiores (narinas, seios nasais, ouvido médio, faringe, amígdalas, laringe e traqueia) e são frequentemente provocadas por microrganismos, como os vírus. Os sintomas variam desde corrimento e obstrução nasal até tosse e dor de garganta.

Algumas dessas doenças podem surgir após um simples resfriado. É o caso da bronquiolite, que normalmente afeta crianças de até dois anos e pode levar até 60 dias para uma recuperação total do paciente. “A bronquiolite é uma inflação nos bronquíolos (uma estrutura que fica entre os brônquios e os alvéolos pulmonares). Ela tem como causa principal o vírus sincicial respiratório. Não devemos confundir com a bronquite asmática, que é geralmente desencadeada por um processo alérgico”, explica Bandeira.

Imunidade em desenvolvimento faz com que crianças sejam mais suscetíveis

Durante esse tempo quente e seco, situações comuns como resfriados, gripes e mudanças de temperatura podem levar a um estreitamento dos brônquios chamado de broncoespasmo, que provoca tosse, chiado no peito e falta de ar. A asma nada mais é do que a repetição frequente desses sintomas.

Estima-se que cerca de metade das crianças com crises recorrentes de broncoespasmo nos primeiros anos de vida não desenvolverá asma quando adulto. Isso acontece porque as crises causadas por infecções respiratórias tendem a cessar. “Caso haja repetições do quadro clínico, passa a se cogitar que o paciente tenha asma brônquica com início precoce e muitas vezes se transformando em asma brônquica grave no futuro. A asma grave é quando o paciente apresenta um esforço grande da musculatura respiratória acessória para respirar.”

As crianças são mais suscetíveis aos vírus ou bactérias que circulam nesta época porque estão com a imunidade em desenvolvimento. Para se ter uma ideia de como os pequenos sofrem desses males, segundo o Ministério da Saúde, em 2009, 652.482 crianças de 0 a 9 anos foram internadas por doenças respiratórias, o que corresponde a cerca de 43% do total de 1,5 milhões de internações por estas causas.

No inverno a baixa umidade deixa ambientes mais que propícios para a proliferação dos vírus. Se as mucosas das crianças estiverem secas, a entrada dos vírus ou bactérias é facilitada. Por isso, é fundamental que os pais hidratem o nariz dos filhos, seja com soro fisiológico ou com bastante ingestão de líquidos.

Bandeira ressalta, no entanto, que a melhor forma de se prevenir o acometimento de doenças respiratórias em crianças é não deixar falhar o calendário de vacinas. Já se o diagnóstico for de alergia respiratória é preciso encaminhar ao médico especialista.

O tratamento de crianças com doenças respiratórias, na grande maioria das vezes, é feito com medicações voltadas à diminuição dos sintomas. Bandeira lembra que apesar da rejeição de muitos pais, as vacinas prescritas por médicos alergistas podem ser muito eficazes.

Segundo o pediatra, é importante ainda que os pais respeitem a falta de apetite das crianças que estão sofrendo de problemas respiratórios ou viroses. “A falta de apetite e a necessidade de repouso são defesas do organismo para direcionar seu gasto energético em combater à infecção respiratória”.


Fonte: Opinião e notícia

1 Comentário

  1. Tony
    7 de novembro de 2011

    O ar das grandes metrópoles, além da poluição tem muitos poucos íons para combater vírus, fungos e ácaros, afetando a saúde de crianças, idosos, gestantes, hipertensos e cardíacos e todas as pessoas que sofrem de alguma alergia respiratória. Tente colocar um bom purificar de ar nos quartos e verá como você e a sua família poderá respirar, relaxar e dormir melhor a noite.


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