Dez maneiras de evitar a alergia respiratória

14 de julho de 2014
alergia

As estações mais frias do ano podem aumentar o risco de problemas de saúde para algumas pessoas, especialmente o de complicações respiratórias, como a rinite e a asma. Nessa época, agentes que provocam alergia — e que são responsáveis por desencadear crises de rinite e de asma — permanecem suspensos no ar durante mais tempo devido ao clima seco. Também contribuem para o surgimento de crises alérgicas as mudanças climáticas bruscas, o aumento dos casos de gripe e resfriados e os ácaros que vêm de casacos e cobertores guardados há meses nos armários.

Dois em cada três brasileiros possuem algum tipo de alergia, de acordo com a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai). O problema ocorre quando o corpo identifica como uma ameaça substâncias que, na verdade, não são causadoras de doenças. Ao atacá-las, o organismo gera um processo inflamatório que produz quantidades excessivas de anticorpos do tipo IgE. Com isso, são liberadas substâncias como a histamina, que provoca coceiras, espirros, falta de ar e outros sinais típicos de alergia.

Causas
A tendência de uma pessoa a apresentar alergia se deve, em grande parte, ao fator genético. “Quando os pais de uma criança não são alérgicos, ela tem apenas 15% de risco de ter o problema. Já se pai e mãe têm alergia, essa porcentagem sobe para 70%”, diz Fabio Castro, médico alergista e imunologista e presidente da Asbai.

Apesar disso, algumas medidas podem diminuir o risco de crianças desenvolverem alergia ao longo da vida. Uma delas é garantir o aleitamento materno. Segundo Ciro Kirchenchtejn, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, trocar o leite materno pelo de vaca favorece a produção excessiva dos anticorpos IgE no bebê e, portanto, aumenta a propensão a reações alérgicas. O médico explica que evitar a exposição de crianças de até um ano a pelos de animais e outros agentes alérgenos também diminui a probabilidade de elas sofrerem problemas como asma e rinite.

Os agentes alérgenos podem ser vários. Os mais comuns são oriundos da poeira doméstica, que é constituída por terra trazida pelo vento e carregada pelos sapatos; pele morta que cai de pessoas e animais; fibras de tapetes; pelos de animais; esporos de fungos; e ácaros. O contato com esses elementos desencadeia o processo alérgico, que leva à coriza, tosse e os demais sintomas. “No caso de cheiros fortes, o que acontece é uma irritação na mucosa das vias áreas, que já estão danificadas por causa da alergia”, explica Rogério Gastal Xavier, pneumologista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Normalmente, pessoas com alguma alergia descobrem que têm o problema somente após sofrerem os primeiros sintomas. O diagnóstico é principalmente clínico. No caso da asma, também é realizada a espirometria, exame que mede a quantidade de ar que o paciente é capaz de inspirar e expirar.

Tratamento
É comum que pessoas recorram a descongestionantes nasais durante uma crise alérgica. No entanto, seu uso é aconselhado apenas se houver prescrição médica. O produto, apesar de ter alívio momentâneo, pode piorar os sintomas quando o seu efeito acaba. “O descongestionante é irritante para a mucosa nasal e pode afetar as células de defesa presentes no nariz”, diz Gastal Xavier. Além disso, ele agrava a rinite alérgica e cria dependência. Em caso de irritação e secreção nasal, a indicação é usar soro fisiológico, em quantidades moderadas.

A utilização dos anti-histamínicos é indicada para controlar e minimizar os sintomas da alergia. Também há a possibilidade de tratamento com vacinas, que consiste na aplicação do agente causador da alergia do indivíduo em doses crescentes por um período que pode variar de um a três anos. “A vacina ameniza o sintoma das alergias. Mas esse tratamento é pouco usado, já que leva anos para finalizá-lo”, explica Gastal Xavier.

Como evitar uma crise alérgica
1. Manter a casa arejada
Manter o ambiente arejado afasta a proliferação de ácaros e fungos e é importante principalmente nos quartos, pois é o local onde as pessoas dormem e normalmente passam um período de tempo maior. “Controlar a umidade é essencial para que nenhum dos dois agentes apareça e cause a alergia”, diz o alergista e imunologista Fabio Castro, presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai).

2. Usar cortinas de algodão lavável
Poeira doméstica pode conter pelo de animais, esporos de fungos e outros alérgenos. Cortinas e persianas são alvos fáceis de depósito de pó. A dica é optar por materiais e modelos fáceis de lavar, como algodão e voal. Persianas devem ser lavadas uma vez por semana.

3. Livrar-se de objetos que acumulam poeira
Bichos de pelúcia e livros são exemplos usuais de objetos que acumulam poeira nos quartos. No caso dos bichos de pelúcia, há um agravante: ele é um lugar perfeito para os ácaros se proliferarem, já que acumula umidade e é difícil limpeza. “O melhor é, para quem tem alergia, guardá-los no armário, principalmente nas épocas mais frias do ano”, diz Fabio Castro.

4. Limpar o chão com pano úmido
Usar vassouras para remover a sujeira faz com que o pó fique suspenso no ar, favorecendo as crises alérgicas. Prefira limpar o chão com pano úmido. Quando o piso é varrido, o ambiente fica com a poeira suspensa no ar durante uma a duas horas.

5. Utilizar água sanitária para limpar a casa
A proliferação de fungos pela casa, principalmente em forma do conhecido “mofo”, pode ser evitado tanto pelo controle da umidade quanto pelo uso de água sanitária para limpar a casa, que ajuda a eliminá-los.

6. Lavar casacos e cobertores antes de usá-los
Após meses no armário, por causa da umidade e da falta de luminosidade, os ácaros podem se hospedar em cobertores e casacos, assim como os fungos. Por isso, e para não correr o risco de entrar em contato com os alérgenos, o ideal é lavar com água quente as roupas de frio e os cobertores antes de usá-los. Essa prática ajuda a eliminar os causadores da alergia.

Outra dica é, ao acordar, não arrumar a cama imediatamente, mas esperar que a umidade da roupa de cama seque. “Além disso, o ideal é expor, a cada 15 dias, colchões, travesseiros, edredons, bichos de pelúcia e almofadas ao sol”, diz Ciro Kirchenchtejn, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.

7. Manter animais fora do quarto
O pelo dos animais domésticos é uma causa comum de alergia. Para os amantes dos bichos, é essencial deixá-los longe dos quartos — tanto na hora de dormir, quanto ao longo do dia.

8. Retirar tapetes dos quartos
Os tapetes são habitats para os ácaros e os fungos se proliferarem — sobretudo se a casa não está arejada suficientemente. Além disso, acumulam muita poeira e pelos de animais. A recomendação é evitá-los, no mínimo, nos quartos.

9. Limpar as narinas com soro fisiológico
Com a poluição e o ar seco, as narinas acumulam impurezas, podendo causar alguma irritação que desencadeia a alergia. O soro fisiológico ajuda a mucosa nasal a manter as vias respiratórias limpas. “É indicado lavar o nariz com soro duas vezes por dia, de manhã e à noite”, indica Rogério Gastal Xavier, pneumologista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

10. Evitar produtos com cheiros fortes
Utilizar produtos de limpeza ou aromatizadores para a casa com cheiros fortes pode causar irritação e inflamação da mucosa nasal em quem tem alergia respiratória. “Os alérgicos já têm uma sensibilidade a mais, por isso, os cheiros fortes podem irritar a narina”, diz Gastal Xavier. Optar por odores mais suaves para limpar e aromatizar a casa é o ideal.

Fonte: Veja

Escreva um comentário