Copa: Corneta x Audição

9 de junho de 2010

A vuvuzela, uma espécie de corneta típica que a torcida sul-africana vai usar durante os jogos na próxima Copa do Mundo, é a campeã na produção de barulho e pode causar perda permanente na audição, alertou, nesta segunda-feira, uma fundação especializada no estudo de surdez.

Torcedor faz barulho com a vuvuzela durante partida disputada em estádio de Johannesburgo

A FIFA, no entanto, autorizou a utilização do instrumento de plástico durante o torneio, que começa na próxima sexta (11), após um teste em estádio para 95 mil pessoas em Johanesburgo em que se avaliou a possibilidade das cornetas interferirem nos anúncios de emergência.

Ainda que seja usada normalmente em partidas do campeonato local, a vuvuzela também está sendo tocada em partidas amistosas e nos treinamentos antes da Copa, mesmo no caso de seleções que não têm relação com a África do Sul.

A fundação Hear the World – organização formada pela empresa especializada em produtos de surdez suíça Phonak para criar conscientização sobre a perda de audição – disse que testes mostraram que a corneta produz muito barulho, ultrapassando inclusive o som produzido por uma motosserra.

Os testes, realizados no último mês em um estúdio à prova de som, apontaram que a vuvuzela produz 127 decibéis, mais do que uma buzina de ar comprimido – 123.5 decibéis – ou os tambores brasileiros. O apito do árbitro ficou em quarto colocado no quesito produção de barulho, enquanto a caneca cowbell, típica em partidas na Suíça e na Áustria, ficou em último com 114,9 decibéis.

“Quando um som aumenta em 10 decibéis, os nossos ouvidos o percebem como sendo duas vezes maior. Então, é possível dizer que a percepção do barulho da vuvuzela é o dobro da caneca cowbell”, disse o audiologista Robert Beiny em comunicado oficial.

De acordo com a Hear the World, a exposição continuada a 85 decibéis pode gerar perda de audição permanente. Por isso, a organização pede que os torcedores utilizem protetores auriculares para evitar riscos.

A vuvuzela soa cada vez mais forte na África do Sul na medida em que a Copa se aproxima. O instrumento toca em locais como aeroportos e shoppings, mas nos estádios, quando dezenas de milhares de pessoas vão tocar a corneta simultaneamente, a sensação será algo próximo a um congestionamento com vários carros buzinando ao mesmo tempo.

Alguns jogadores reclamaram durante a Copa das Confederações no ano passado, e o técnico da Tailândia, Bryan Robson, disse que não conseguiu se comunicar com seus jogadores durante amistoso contra a África do Sul.

O presidente da FIFA, Sepp Blatter, defendeu a corneta dizendo que ela é parte do costume local, assim como tambores ou cantos de torcidas são em outros países.

O técnico da África do Sul, Carlos Alberto Parreira, quer muito mais barulho para inspirar os “bafana bafana”, como a seleção sul-africana é conhecida, para conseguir uma vaga no difícil grupo A em partidas contra o México, Uruguai e França.

Fonte: Reuters

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