Câncer de Boca

8 de julho de 2016
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É comum o câncer de boca?

Sim, é o oitavo câncer mais comum entre os homens, e o nono entre as mulheres, segundo dados do Inca. Faz-se necessário esclarecer que, para a denominação câncer de boca, inclui-se o lábio e a cavidade oral (mucosa bucal, gengivas, palatos duro e mole, língua oral e assoalho da boca).

Como se manifesta o câncer de boca?
Através de uma ferida na boca, esbranquiçada ou avermelhada, não-cicatrizável, dolorosa e persistente. O paciente também pode referir dificuldade para engolir, falar, ou aumento de linfonodos cervicais.

Quais são os fatores de risco para o câncer de boca?
Sem dúvida alguma, os maiores fatores de risco são o tabagismo e o etilismo, especialmente se associados. Aproximadamente 95 a 97% dos casos do câncer de boca estão relacionados a eles. Para maiores informações, veja tabagismo e etilismo.
Outros fatores de risco estudados são: fatores genéticos, exposição ao sol (válido para tumores de lábio), infecções virais e traumatismo crônico por uso de próteses (embora, para essses dois últimos fatores, não tenha havido comprovação definida).

Como prevenir o câncer de boca?
A melhor prevenção é manter-se afastado dos fatores de risco ou, em outras palavras, não fumar e não beber. Além disso, é importante manter sempre uma boa higiene bucal, e procurar atendimento médico sempre que houver alguma lesão persistente na boca. Para usuários de próteses mal-adaptadas, deve-se procurar o dentista protético para ajuste.

Como se faz diagnostico precoce do câncer de boca?
Através do auto-exame, que consiste em observar, através do espelho, todas as regiões da boca. Se você sentir dor, desconforto ou, principalmente, se for etilista e tabagista, deve fazer o auto-exame com freqüência. As lesões ditas iniciais, ou pré-neoplásicas, são de dois tipos: a leucoplasia e a eritroplasia. A leucoplasia é definida como uma lesão esbranquiçada, não-destacável, que não melhora após a remoção dos fatores causais, e apresenta chance de se transformar em câncer que varia entre 0,25 a 30%. Já a eritroplasia é mais rara e perigosa, consistindo numa lesão avermelhada da mucosa que, ao ser analisada ao microscópio, costuma já apresentar células cancerígenas.

Qual médico devo procurar se notar alguma lesão na boca? O que é estomatologia?
A estomatologia é o estudo das doenças da cavidade oral. Na presença de alguma lesão de boca, o paciente deve procurar um clínico geral, um dermatologista ou um cirurgião de cabeça e pescoço. Além disso, cada vez mais os dentistas se dedicam à prevenção e ao diagnóstico precoce de câncer de boca, em especial aqueles com especialização em estomatologia, de forma que também podem ser procurados na presença de lesões suspeitas.

Como é feito o diagnóstico do câncer de boca?
Através da suspeita clínica, baseada no aspecto da lesão, sintomas e fatores de risco. Porém, o diagnóstico definitivo só pode ser confirmado através de uma biópsia e análise anátomo-patológica.

Fazer uma biópsia não faz o tumor crescer mais rápido?
Não. A biópsia é um procedimento simples, realizado sob anestesia local, onde se retira um pequeno fragmento do tumor para análise. Nenhum tratamento para o câncer de boca pode ser realizado sem que se tenha confirmação, através de biópsia, do tipo exato do tumor. Além disso, existem doenças não cancerígenas que podem se assemelhar muito ao câncer de boca, e então a biópsia é o único meio de se diferenciar essas doenças.

Uma pessoa que nunca fumou ou bebeu pode ter câncer de boca?
Sim. Embora aproximadamente 97% dos casos está relacionada ao tabagismo, uma pequena parcela dos portadores desta doença não fumam. Nesses casos existem alterações genéticas, ainda em estudo, relacionadas ao aparecimento do câncer.

Uma pessoa cujo pai, ou mãe, tiveram câncer de boca, irão ter a doença?
Não necessariamente. Mas é conveniente que esta pessoa não fume, não beba e fique atenta a lesões iniciais, fazendo sempre o auto-exame.

Feito o diagnóstico de câncer de boca, qual é o próximo passo?
É necessário que se faça exames de estadiamento do tumor, ou seja, exames que tentem mostrar a real extensão do tumor, o que é conseguido aatravés de exames como tomografia computadorizada, endoscopia (e laringoscopia), raio-x de tórax, entre outros. Considerando o tratamento cirúrgico, também são necessários exames pré-operatórios e avaliação cardiológica. A partir de então, cabe ao cirurgião de cabeça e pescoço o planejamento do tratamento, bem como esclarecer ao paciente os aspectos envolvidos na terapêutica.

Quais são as opções de tratamento para o câncer de boca?
Trata-se, basicamente de uma doença de tratamento cirúrgico, uma vez que a cirurgia oferece as melhores chances de cura. Existem também tratamentos baseados em quimioterapia e radioterapia, podendo ser combindaos uns com os outros. Para maiores informações, vide quimioterapia e radioterapia.

Como é a cirurgia para remoção do câncer de boca?
Depende. Em primeiro lugar, é necessário avaliar a localização do tumor (o que se chama boca, na verdade cavidade oral, é dividida em várias regiões, a saber: lábio, soalho, língua, rebordo alveolar, palato e mucosa jugal), e para cada parte dessas há procedimentos cirúrgicos com suas particularidades. Além disso, é necessário saber a extensão do tumor, para sabermos o quanto será retirado. Em resumo, deve ser feita a total remoção do tumor, com margens livres.

Além disso, freqüentemente é necessário que se faça uma extensão da cirurgia para o pescoço, de forma a retirar linfonodos cervicais acometidos pelo tumor. A essa cirurgia se dá o nome de esvaziamento cervical, que pode ser de vários tipos e extensões dependendo de cada caso.

Para muitos casos é necessária uma traqueostomia de proteção (para maiores detalhes, vide traqueostomias ) e algum tipo de reconstrução (com retirada de outras partes do corpo para cobrir o defeito cirúrgico, os chamados retalhos). Tudo isso significa que, principalmente para os casos mais avançados, estas cirurgias podem ser muito complexas, demoradas, e exigirem equipe multidisciplinar (como, por exemplo, a cirurgia plástica reparadora).

Quais são as seqüelas que podem ter os pacientes submetidos a cirurgia para ressecção de câncer de boca?
Tudo depende da extensão da cirurgia, que, por sua vez, depende da extensão do tumor. Em casos mais simples, como por exemplo em ressecções de pequenos tumores de língua, praticamente não há qualquer tipo de seqüela. Já em casos mais avançados, é certo que teremos seqüelas.

Basicamente, as seqüelas do tratamento cirúrgico compreendem a fala, a deglutição e a respiração, em diferentes graus de acometimento a depender dos procedimentos específicos.

Por exemplo, a língua é um órgão de funcionamento muito particular, e mesmo que haja reconstrução adequada (com utilização de retalhos), em cirurgias onde grande parte dela é removida, o paciente irá apresentar alterações na fala e na deglutição. Em casos onde se faz necessária a remoção de parte da mandíbula, haverá alterações da deglutição e até do próprio ato da mastigação, às vezes impedindo que o paciente consiga ingerir alimentos muito duros, que precisem ser muito mastigados. Em casos de remoção do palato duro (“céu da boca”), será necessária reconstrução com prótese, caso contrário haverá alterações na fala (voz fanhosa, anasalada) e na deglutição (saída de alimentos pela cavidade nasal). Existem também seqüelas possíveis do esvaziamento cervical, em especial alteração de sensibilidade da pele do pescoço, dor e dificuldade à elevação do ombro.

De qualquer forma, faz parte do planejamento cirúrgico, além da óbvia remoção total do tumor, as reconstruções com a preocupação de causar a menor seqüela possível.

Essas seqüelas são tratáveis?
Sim. É necessário que se faça, em conjunto, acompanhamento multidisciplinar com odontologistas (para acompanhamento da saúde dos dentes, gengivas, etc, e alterações de mastigação), fonoaudiólogas (para tratar distúrbios de deglutição e de fala), fisioterapeutas (para tratamento do ombro e de edemas).

Também deve ser valorizado o acompanhamento com psicólogos, uma vez que esses pacientes são muitas vezes estigmatizados pela doença e pela condição, às vezes até de deformidade, que essas cirurgias podem causar.

É necessária a realização de traqueostomia?
Em casos de tumores avançados, com cirurgias que incluem grandes ressecções, a traqueostomia é necessária. Isso porque a cirurgia acarreta algumas possibilidades de obstrução de vias aéreas, seja devido ao edema que se forma, ou então por possibilidade de aspiração de secreções (saliva, catarro ou sangue) no pós-operatório. Assim, a traqueostomia é uma segurança de que o paciente irá respirar nesta fase.

De qualquer forma, para ressecção de tumores de boca, de maneira geral a traqueostomia é temporária, sendo retirada alguns dias após a cirurgia, não causando maiores seqüelas.

Depois da cirurgia, é necessário mais algum tratamento?
Em muitos casos, é necessária a complementação do tratamento com radioterapia pós-operatória, o que diminui as chances de recidiva do tumor. Para alguns casos, também poderá ser necessária a realização de quimioterapia. Para mais detalhes, ver radioterapia e quimioterapia.

É possível curar o câncer de boca?
Sim, e a chance de cura é maior quanto mais precoce for o tumor. Por isso é tão importante que as pessoas, em especial as fumantes, sejam orientadas a realizar auto-exame e, na presença de lesões suspeitas, procurar atendimento médico especializado.
Fonte: sbccp.org.br

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