Diferenças

8 de setembro de 2010

Primeiro vem uma coceirinha no nariz, depois uma pontada na garganta, aí surge um espirro, uma tosse e o mal-estar. Sintomas como esses, característicos de infecções respiratórias, são mais que comuns no inverno, mas sempre geram dúvidas sobre qual é a doença que é preciso tratar. Confira as diferenças entre os principais “ites”: bronquite, sinusite, rinite, faringite, laringite, traqueíte e amidalite.

O sufixo “ite” indica que a doença é uma inflamação. A principal diferença entre elas é a região do corpo afetada. Em geral, todos esses males são causados por um agente estranho que entra em contato com alguma mucosa (pele que reveste as partes internas do corpo). O organismo, então, aciona seus mecanismos de defesa, o que pode resultar em uma inflamação.

Rinite alérgica provoca entupimento do nariz e produção de coriza

A rinite alérgica é provocada por uma inflamação no revestimento interno do nariz. Os sintomas se iniciam minutos após o contato com a substância que provoca a alergia, como a poeira ou os ácaros. Com a mucosa inchada, o nariz entope e produz coriza. O doente, então, passa a respirar pela boca, o que provoca desconforto na garganta e voz anasalada. Segundo a médica Solange Valle, professora do serviço de Imunologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho/UFRJ, esses sintomas são semelhantes aos do resfriado. A diferença é que a rinite não é contagiosa. “Ela é uma doença genética, assim como a asma. Por isso, frequentemente, várias pessoas da mesma família apresentam rinite”, afirma Solange.

Já a sinusite atinge os seios faciais (cavidades ao redor do nariz, maçãs do rosto e olhos). Inflamada, essa região acumula secreções, entope e causa dor de cabeça, febre e coriza espessa. Solange explica que é normal a sinusite ser acompanhada de rinite alérgica, por isso o termo mais usado atualmente é rinossinusite. “Caso o paciente não faça um acompanhamento, é comum ele complicar seu quadro alérgico com sinusites bacterianas. Nesse caso, ele pode apresentar febre, dor de cabeça e secreção pós-nasal (que desce pela garganta)”.

De acordo com Solange, a asma é um tipo especial de inflamação nos brônquios (tubos que conduzem o ar da traqueia até o pulmão) que dificulta a passagem do ar e causa sufocamento. É também conhecida como bronquite, bronquite alérgica ou bronquite asmática. Os principais sintomas são tosse, cansaço, aperto e chiado no peito e falta de ar. O tratamento é feito com antiinflamatórios e broncodilatadores (as famosas bombinhas), que abrem os brônquios e melhoram o fluxo de ar.

O médico Carlos Loja, chefe do serviço de Alergia e Imunologia do Hospital de Servidores do Estado, ressalta que, se tratada, a bronquite asmática não impede a prática de exercícios físicos. “Muitos atletas são ex-asmáticos que entraram em esportes como a natação para melhorar o quadro respiratório”.

No fim de 2009, o astro do futebol inglês David Beckham foi fotografado usando um inalador durante a derrota do Los Angeles Galaxy para o Real Salt Lake, na decisão da Major League Soccer. Ele correu tanto durante o jogo que chegou a ficar sem fôlego e precisou fazer uso do recurso. Após a partida, o agente de Beckham confirmou que o jogador tem asma desde criança.

A grande maioria das amigdalites (inflamação nas amígdalas) também não é de causa bacteriana, mas ainda hoje existem quadros infecciosos. De acordo com a médica Fátima Regina Abreu Alves, presidente do Departamento de Otorrinolaringologia da Associação Paulista de Medicina (APM), os estreptococos (um tipo de bactéria) ainda preocupam, e nesses casos é necessário o uso de antibiótico.

Segundo Fátima, a intervenção cirúrgica para retirada de amídalas ainda existe, mas só deve ser realizada em casos específicos: “A cirurgia só é recomendada para crianças com surtos recorrentes, que ficam muito debilitadas e com necessidade de tratamento à base de antibióticos. Outra situação em que é aconselhável operar é quando as amídalas são muito grandes e causam obstruções respiratórias.”

A faringite pode ter múltiplas causas, de uma doença viral bacteriana até problemas digestivos. “Ela acomete principalmente os adultos. Os sintomas são irritação na garganta, secura, coceira e tosse”, explica Fátima. Já a laringite provoca alterações vocais e tosse. A traqueíte, por sua vez, pode estar relacionada com a descida de secreções originárias de outras vias respiratórias.

Tratamento

Achar a real causa das queixas é fundamental

O tratamento para essas doenças pode ser parecido, mas cada uma exige um cuidado específico. O que dificulta o diagnóstico é que nem sempre o paciente consegue saber a causa de suas queixas e muitas vezes ignora os sintomas, que se prolongam e complicam o sistema respiratório como um todo. “Em alguns casos, o agravamento do quadro provoca a associação dessas doenças. As mais comuns são as faringolaringites (faringite com laringite), e a sinusite associada à laringite. Até mesmo a otite (inflamação nos ouvidos muito comuns em crianças) pode ser provocada por problemas respiratórios. “O médico precisa estabelecer a origem do processo para saber como agir. Em geral, é necessário ministrar antiinflamatórios e corticóide tópico nasal. Em situações mais graves, são introduzidos os antibióticos”, explica Fátima.

Fonte: Opinião e notícia

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